Dia Mundial da Fisioterapia: um olhar sobre a artrite
A artrite é uma designação genérica de várias doenças que provocam inflamação crónica ou aguda da articulação, à qual podemos atribuir um variado leque de sintomas que incluem: dor, rigidez, edema, diminuição da amplitude de movimento e deformidades articulares. Estas doenças têm um impacto negativo sobre a qualidade de vida do paciente e sobre a sua saúde física e mental.
Existem vários tipos de artrite, que podem ser subdivididos em dois grupos: inflamatória e não inflamatória.
Posto isto, a história clínica e a avaliação objetiva dos sinais e sintomas apresentados, junto com as análises laboratoriais específicas e os exames complementares, são muito importantes para definição e confirmação do diagnóstico.
Já foram descritos mais de 100 diferentes tipos de atrite, sendo a mais comum a osteoartrite, que é um tipo de artrite não inflamatória e para a qual os fatores que mais contribuem são: a idade avançada, sexo feminino, trauma articular e obesidade. Por outro lado, a artrite inflamatória pode-se apresentar em várias configurações e a inflamação articular pode ser causada por: processos autoimunes (artrite reumatoide, artrite psoriática, espondilite anquilosante, etc.), inflamações induzidas por deposição de cristais (gota, pseudogota, etc.) ou infeções (artrite de Lyme e artrite séptica). A artrite inflamatória pode também acompanhar outras doenças autoimunes do sistema conjuntivo, tais como: lúpus eritematoso sistémico, síndrome de Sjorgren, esclerodermia, doença celíaca, entre outras.
Debruçando-nos sobre a artrite inflamatória, e de uma forma simples, podemos dizer que o aumento do número das células e substâncias inflamatórias nas articulações provoca a sua irritação, desgastando a cartilagem e inflamando o tecido sinovial, podendo levar a lesão e/ou deformidade articular e dor. É por isso que, para que ocorra uma intervenção adequada e atempada, é fundamental realizar uma extensa avaliação sobre o início dos sintomas, a simetria das articulações afetadas, bem comoo padrão e a distribuição do envolvimento articular. Desta forma, poderemos recolher pistas sobre a potencial etiologia da artrite inflamatória.
Por outro lado, e porque a maioria das diferentes formas de artrite inflamatória são sistémicas, deve-se estar alerta para sintomas em outras partes do corpo, como: alterações da pele, inflamação dos olhos, perda de cabelo, alterações das unhas, febre, entre outros.
Assim, a abordagem à artrite deve estar intimamente ligada à abordagem da patologia sistémica que se encontra na sua origem e deve ser feita por uma equipa multidisciplinar na qual poderão estar incluídos: reumatologistas, dermatologistas, ortopedistas, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, profissionais do desporto, psicólogos, entre outros.
A intervenção da fisioterapia tornou-se um pilar fundamental no acompanhamento do paciente, e está comprovado. A aplicação de planos de reabilitação física reduzem a incapacidade nas atividades do dia a dia, melhorando significativamente a qualidade de vida.
Entre as várias abordagens o trabalho de mobilidade articular, associado a planos de exercício de força, condicionamento aeróbico, flexibilidade e de equilíbrio, melhoram a capacidade aeróbica, a força muscular, a mobilidade articular a funcionalidade e a dor. Estes planos têm também um impacto positivo na saúde mental e no limiar da tolerância à dor de um modo geral.
O tipo, intensidade e duração dos exercícios dos planos de reabilitação, devem estar bem-adaptados às limitações existentes para evitar degradação articular. Sendo que, quanto mais cedo se iniciar, se possível antes da degradação articular, melhores serão os resultados.
A artrite inflamatória decorre de processos patológicos multifatoriais e sistémicos e, nesse sentido, é fundamental que, face a este diagnóstico, os pacientes se envolvam ativamente no seu tratamento. Desde o conhecimento da doença de origem, aos fatores agravantes, sinais de alerta, e todas as outras variáveis. Assim, tornam-se mais conhecedores e, consequentemente, mais capazes de tomar decisões face aos planos de tratamento propostos, mais conscientes em relação à importância de manter um sono de qualidade, uma alimentação saudável, saúde mental e atividade física regular.
A sua saúde está também nas suas mãos!
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