Disfunções da anca. A fisioterapia como uma ferramenta de tratamento basilar.
Decorreu no passado fim de semana, o Porto International Hip Meeting 2024 , um congresso que reuniu ortopedistas, fisioterapeutas, investigadores e outros profissionais de saúde dedicados ao estudo e tratamento das disfunções da ancae onde se destacou a importância da reabilitação no tratamento destas condições. A Fisiomanual, representada pelos seus Fisioterapeutas Baltazar Moutela e Pedro Santos, teve um papel ativo tanto na organização do evento como na apresentação de posters e estudos de caso. Os restantes colegas assistimos de forma atenta às novas abordagens e investigações que têm surgido nos últimos tempos.
Figura 1 – Raio X de paciente com Conflito Femoro-acetabular
Mas porquê estudar a anca? A anca é uma das maiores e mais importantes articulações do corpo humano, suportando o peso do corpo e permitindo umconjunto grande de movimentos essenciais para atividades diárias. As disfunções da anca referem-se a um leque variado de condições que afetam esta articulação. Dentre as mais frequentes, destacamos:
– Osteoatrose da anca: caracterizada pela deterioração da cartilagem articular;
– Tendinopatias: caracterizada pela inflamação de um ou mais tendões ao redor desta articulação;
– Bursite trocantérica: definida como inflamação da bursa, uma pequena bolsa de líquido que reduz o atrito entre os tecidos ao redor da articulação da anca.
– Conflito Femoro-acetabular: caracterizado pelo contacto anormal entre a cabeça do fémur e o seu “encaixe”, o acetábulo, devido a uma anomalia anatómico dessas estruturas.
As condições acima referidas podem resultar, de uma forma geral, em dor, rigidez, limitação de movimento articular e comprometimento da funcionalidade. Assim, na presença de algum destes sintomas, é essencial que ocorra uma abordagem terapêutica de uma equipa multidisciplinar que irá avaliar as particularidades da sintomatologia, realizar diagnóstico diferencial e definir um plano de recuperação adequado.
O Fisioterapeuta, através da sua avaliação, pode identificar as limitações funcionais existentes, analisar as características e comportamento da dor e identificar possíveis disfunções à distância que possam estar associadas aos sintomas manifestados na anca. A partilha desta informação com o médico ortopedista, especializado no estudo da anca, será fulcral para a confirmação do diagnóstico. Com ajuda de exames complementares, caso esteja indicado, um conhecimento aprofundado da articulação e das suas estruturas adjacentes ajudará a enriquecer o plano de tratamento, estudar novas abordagens terapêuticas e definir timings de recuperação, tendo sempre como foco principal as expetativas, vontades e objetivos do paciente.
Não devemos esquecer que o paciente com disfunção da anca deve ser visto como um todo e necessita de uma avaliação e uma abordagem que tenha em consideração o estado de saúde geral, patologias sistémicas, eventos traumáticos ou disfunções noutras articulações. Só assim se garante o sucesso do tratamento.Caso sinta dor na região da anca, com ou sem causa traumática aparente, procure um profissional especializado de forma a evitar o agravamento do quadro clínico e poder iniciar o seu processo de recuperação o quanto antes!
Referências:
Harwood, D. A., Green, A. H., Stelmach, J. P., & Tria Jr, A. J. (2023). Rehabilitation of Hip Disorders. Orthopedic Rehabilitation: Principles and Practic e , 315-340.
