Dia Mundial da Doença de Parkinson: compreender a doença, sinais de alerta e o papel fundamental da Fisioterapia
Hoje celebra-se o Dia Mundial da Doença de Parkinson (DP), data que comemora o nascimento de James Parkinson (1755), médico inglês que descreveu a doença pela primeira vez, em 1817. Falamos de uma doença degenerativa e progressiva, que resulta da diminuição dos níveis de dopamina (mensageiro químico) em áreas específicas do cérebro, responsáveis pelo controlo dos movimentos do corpo. Este défice provoca o aparecimento de sintomas como tremores, rigidez, instabilidade postural e lentidão nos movimentos voluntários.
Segundo a Parkinson’s Foundation existem 10 sinais de alerta a ter em conta para um possível diagnóstico: tremor em repouso, alteração da escrita, perda de olfato, dificuldade em dormir, dificuldades na marcha, obstipação, alterações de voz, diminuição das expressões faciais, tonturas ou desmaios e tronco curvado para a frente. Nenhum destes sinais isoladamente indicam a presença de DP mas, descartando outras origens e, em conjunto, transmitem a necessidade de procurar aconselhamento médico especializado.
Não existe um teste ou exame específico para o diagnostico de DP e, por isso, este é baseado na presença 2 dos 3 sintomas primários. Apesar de este ser o critério de diagnóstico, podem aparecer sintomas secundários relacionados com o défice de dopamina e que variam de acordo com cada indivíduo. A depressão e/ou ansiedade são frequentes, bem como alterações da memória. Podem ainda ocorrer dificuldades visuais, de mastigação e deglutição, incontinência urinária e alterações do foro sexual.
É importante referir que cada doente vive os seus sintomas de forma diferente e, por isso, o tratamento é individualizado e deve incluir várias dimensões, sendo essencial o acompanhamento por uma equipa multidisciplinar. Os sintomas podem ser controlados através de diversos tipos de medicação, que fazem o papel da dopamina no cérebro, estimulam a sua libertação, imitam a sua acção ou impedem a sua degradação. No entanto, há situações em que a medicação não é suficiente e são consideradas opções de tratamento cirúgico.
A fisioterapia é fundamental em todas as fases da DP porque objetiva maximizar a qualidade do movimento, a independência funcional e a “forma física” geral e, minimizar as complicações secundárias. Os objetivos principais são a melhoria da função motora e da lentidão dos movimentos e a redução das quedas. São, normalmente, usados exercícios de alongamento, mobilidade, fortalecimento, marcha, equilíbrio, coordenação, transferências e exercícios respiratórios, que podem ser realizados em contexto de clínica/gabinete, ou no domicílio de forma a potenciar a independência nas atividades do dia-a-dia e a qualidade de vida destes doentes e de quem os acompanha.
O cuidador/a deve ser parte integrante do processo de reabilitação. O fisioterapeuta tem, também, um papel muito importante no apoio ao cuidador, no ensino de estratégias de posicionamento e transferências, e nas adaptações necessárias no dia-a-dia para diminuir a probabilidade de quedas.
Apesar de ainda existirem muitas incertezas sobre a DP, há uma procura constante e esforços crescentes por parte da comunidade científica para entender melhor esta patologia e delinear planos de tratamento eficazes na sua progressão ou cura.
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Referências:
Amara, A. W., & Memon, A. A. (2018). Effects of Exercise on Non-motor Symptoms in Parkinson’s Disease. Clinical Therapeutics.
MURAKAMI, H.; SHIRAISHI, T.; UMEHARA, T.; OMOTO, S.; IGUCHI, Y. Avanços recentes na terapia medicamentosa para a doença de Parkinson. PUBMED. 62(1):33-42, 2023.
Parkinson’s Foundation. (10 de Março de 2024). Understanding Parkinson’s – 10 Early Signs. Obtido de Parkinson’s Foundation: https://www.parkinson.org/understanding-parkinsons/10-early-signs