Lombalgia crónica – o Pilates Clínico pode ajudar?

Lombalgia crónica – o Pilates Clínico pode ajudar?

No passado dia 16 de outubro assinalou-se o Dia Mundial da Coluna Vertebral. A coluna suporta a estrutura física do nosso corpo e do nosso sistema nervoso, permitindo o movimento e a sensibilidade. É por isto, fundamental, cuidarmos dela, preservando a sua mobilidade e estabilidade. Contudo, é muito frequente ocorrerem episódios de dor. Estima-se que, pelo menos uma vez na vida, 80% da população terá um episódio de dor lombar e, em 40% destes, a dor tornar-se-á crónica.

Hoje vamos falar um pouco sobre a dor lombar (lombalgia) e sobre como o Pilates Clínico pode ajudar em situações em que esta dor se torna crónica. A lombalgia crónica define-se como a dor localizada entre a margem costal inferior e a prega glútea, a qual apresenta, ou não, irradiação para os membros inferiores e que persiste por, pelo menos, 12 semanas. Esta pode ser específica (quando a dor é causada por uma determinada doença, um problema estrutural da coluna ou é uma irradiação de outra parte do corpo) ou inespecífica (quando não é possível identificar a doença ou razão estrutural que justifique a dor). Na maioria dos casos, a dor lombar é inespecífica, pode ocorrer de forma irregular e intermitente e gerar níveis variados de limitação funcional e prejuízo das atividades de vida diária. Nestes casos, uma das possíveis explicações é a existência de desequilíbrios musculares no tronco e membros inferiores, que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de distúrbios que podem prejudicar a estabilidade da coluna e causar dor.

O Pilates tem sido amplamente aconselhado em casos de lombalgia crónica já que pode ajudar a ativar, fortalecer e reequilibrar a musculatura estabilizadora do tronco. Os exercícios são, muitas vezes, executados em posições que diminuem o impacto nas articulações de sustentação do corpo e, principalmente, na coluna vertebral, que habitualmente ocorre na posição ortostática (de pé), permitindo recuperação das estruturas musculares, articulares e ligamentares.

Os fisioterapeutas viram, então, no método de Pilates, uma mais-valia para a reabilitação, trazendo resultados rápidos e eficazes – surge assim o Pilates Clínico. Este método consiste num conjunto de exercícios, adaptados dos exercícios originais do Pilates tradicional, divididos em vários níveis de dificuldade, o que permite direcioná-los para as diferentes fases da reabilitação. Pode ser praticado individualmente ou em grupo, tendo sempre em vista a individualidade e a especificidade de cada pessoa.

O Pilates Clínico apresenta um conjunto de exercícios de progressivos de solo, desenhado para pacientes com vários tipos de disfunções ou alterações posturais. Assim, este método pode ser uma mais-valia para a melhoria da saúde geral, do desempenho atlético, da propriocepção para a redução da dor em pacientes com dor lombar crónica. Os seus principais benefícios são:

✓ Melhoria do comportamento postural e consciência corporal
✓ Diminuição da dor articular
✓ Aumento da força e da resistência muscular
✓ Melhoria da capacidade do controlo da respiração
✓ Diminuição do stress físico e emocional
✓ Otimização da coordenação motora
✓ Aumento da flexibilidade
✓ Potencia a recuperação e prevenção de lesões
✓ Promoção do bem-estar

Se tem dor lombar crónica, procure um profissional especializado, fisioterapeuta, para o ajudar a definir um plano de reabilitação personalizado, que permita, dentro das suas limitações, melhorar a sua mobilidade global e aumentar a tolerância ao esforço e o limiar da dor. Deixo-lhe um desafio, experimente fazer diariamente os exercícios apresentados. De forma simples, poderão ajudar na mobilidade e na dor!

Exercício 1: Deitado de barriga para cima, joelhos fletidos com as pernas afastadas à largura das ancas, correto alinhamento de todo o corpo. Eleve um joelho a 90 graus, alinhado com a anca. A perna oposta permanece imóvel. Volte à posição inicial. Repetir alternando os membros.

Exercício 2:
2a – Posição de 4 apoios. Mãos na orientação dos ombros, joelhos na orientação das ancas. Coluna na posição neutra. Inspira. Expira e faz flexão da coluna vertebral, como um gato alongado. Ao mesmo tempo a cabeça e o cóccix vão na direção do chão.

2b – Inspire. Expira e inverte a curvatura da coluna vertebral, faz extensão. O cóccix move-se para cima e o peito para a frente e para cima. A cabeça acompanha o movimento.

Exercício 3: Posição de 4 apoios. Mãos na direção dos ombros, pernas afastadas à largura das ancas. Pélvis e coluna em posição neutra, cabeça no alinhamento da cervical. Realizar extensão da perna para trás e o braço contralateral para a frente. Volta à posição inicial. Repetir alternando os membros

Exercício 4: Deitado de barriga para cima, com joelhos fletidos e pernas afastadas à largura das ancas. Omoplatas estabilizadas e cervical em posição neutra. Inclina a pélvis posteriormente e enrole a coluna, afastando vértebra a vértebra do colchão. Mantenha a posição. Volte a trazer a coluna à posição inicia, recolocando vértebra a vértebra no colchão.

SABIA QUE… O nome do método de Pilates começou por ser “Contrologia”? Joseph Pilates designava a técnica que criou de Contrologia, referindo-se ao completo controlo do corpo e mente. O nome Pilates foi, posteriormente, dado em homenagem ao seu criador, após a sua morte.

Referências
Cruz AR, Vlias Boas C, Espinosa E. Pilates Clínico para Fisioterapeutas Matwork Level 1 Machado GF, Bigolin SE (2010) “Estudo comparativo de casos entre mobilização neural e um programa de alongamento muscular el lombalgicos crónicos “Revista Fisioterapia e movimento, vol23 Miyamoto GC, Costa LO, Cabral CM. Eficácia do método pilates considerando dor e incapacidade em pacientes com dor lombar crónica não especifica: uma revisão com metanálise “Braz JPHYS THE, vol17, nº6

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