Um olhar sobre as doenças autoimunes: Espondilite Anquilosante

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Um olhar sobre as doenças autoimunes: Espondilite Anquilosante

Yanina Alves, fisioterapeuta e coordenadora

A espondilite anquilosante (EA) é uma doença crónica que afeta as articulações, especialmente na zona da coluna vertebral. Trata-se de uma condição inflamatória mediada pelo sistema imunitário, que também pode atingir outras articulações e os locais onde os tendões se ligam aos ossos. Estima-se que em Portugal existam entre 30.000 a 50.000 pessoas afetadas por esta condição, com uma prevalência estimada de 0,5% da população. Ainda assim, é frequentemente subdiagnosticada, especialmente nas fases iniciais, em que os sintomas podem ser confundidos com dores lombares comuns.

Apesar dos avanços no conhecimento da doença, o mecanismo exato que leva ao seu aparecimento continua a ser objeto de estudo. Acredita-se que se trata de um processo complexo e multifatorial, que envolve uma interação entre predisposição genética, fatores ambientais e alterações no microbioma intestinal.

Manifesta-se principalmente através de dor lombar de início lento, que tende a piorar com o repouso e a melhorar com o movimento, associado a rigidez matinal. Muitos doentes apresentam também inflamação noutras articulações e em zonas onde os tendões se ligam aos ossos, como nos calcanhares (entesite). A uveíte anterior, uma inflamação ocular, ocorre em cerca de 25% a 35% dos casos e pode causar dor, vermelhidão e sensibilidade à luz. Além disso, até metade dos doentes pode apresentar inflamação intestinal, mesmo sem sintomas digestivos visíveis, e cerca de 10% desenvolvem psoríase. A fadiga intensa e os distúrbios do sono são igualmente comuns, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

O diagnóstico é baseado numa combinação de avaliação clínica, exames de imagem e testes laboratoriais, e o tratamento médico deve ser orientado pela especialidade médica de reumatologia. É importante referir que, para além da terapêutica medicamentosa que possa estar indicada, a fisioterapia é também essencial na abordagem da EA, pois ajuda a manter a mobilidade da coluna e das articulações, reduz a dor e a rigidez e previne deformações posturais. Além disso, contribui para melhorar a capacidade respiratória, especialmente quando a rigidez torácica está presente, e promove a autonomia e a qualidade de vida do doente. Iniciar a fisioterapia precocemente e adaptá-la às necessidades individuais é fundamental para controlar a progressão da doença e preservar a funcionalidade no dia a dia, de forma a garantir que os pacientes possam levar uma vida ativa e saudável.

Referências:

Américan Collégé of Rhéumatology. (2016). 2016 Revisions to the 2010/2011 fibromyalgia diagnostic criteria. The Journal of Rheumatology, 43(11), 2416–2418. https://doi.org/10.3899/jrhéum.160316

Estudo arEA – Avaliaça o dos resultados na Espondilite Anquilosante. Universidade Nova de Lisboa, 2019

Hwang, M.C., Ridley, L. & Reveille, J.D. Ankylosing spondylitis risk factors: a systematic literature review. Clin Rheumatol 40, 3079–3093 (2021). https://doi.org/10.1007/s10067-021-05679-7

Tugwell, P., & Feldman, D. (2017). Physical therapy interventions in ankylosing spondylitis: A systematic review. Journal of Rheumatology, 44(6), 853-861. https://doi.org/10.3899/jrheum.161285

Wei, W., & Liu, Y. (2019). Diagnosis of ankylosing spondylitis: A systematic review of current clinical criteria. Clinical Rheumatology, 38(3), 749-758. https://doi.org/10.1007/s10067-018-4219-5

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