Quando o corpo desiste, a esperança persiste: importância da fisioterapia na ELA

ELA_Fisioterapria em Aveiro

Quando o corpo desiste, a esperança persiste: importância da fisioterapia na ELA

Carolina Vieira fisioterapeuta na Fisiomanual Aveiro

Carolina Vieira fisioterapeuta na Fisiomanual em Aveiro

No passado dia 21 de junho assinalou-se o Dia Mundial da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma data que reforça a importância da consciencialização e intervenção precoce nesta doença neurodegenerativa progressiva grave que afeta o sistema nervoso.

A ELA afeta os neurónios motores, as células nervosas responsáveis pela inervação dos músculos e, consequentemente, pela capacidade de produzir movimentos voluntários. Com a evolução da doença estes neurónios vão deixando de funcionar, provocando fraqueza muscular, perda de mobilidade e incapacidade para as tarefas do dia a dia (falar, engolir, etc.).

As suas causas são complexas e multifatoriais e os sintomas iniciais são variáveis, de acordo com a individualidade de cada paciente. Normalmente iniciam-se num braço ou perna e depois espalham-se para o resto do corpo e incluem sensação de perda de força (dificuldade em pegar em objetos como talheres ou canetas, subir escadas, etc.). Podem também aparecer pequenos tremores ou contrações involuntárias, alterações na fala (fala arrastada, difícil de compreender) e dificuldades na alimentação (dificuldade a engolir). Em casos mais raros, os sintomas iniciais podem ser respiratórios, mas por norma a parte respiratória é afetada mais tarde, durante a progressão da doença.
O diagnóstico desta doença é essencialmente clínico, ou seja, baseia-se na observação e estudo dos sintomas. Pode recorrer-se a exames complementares de diagnóstico para excluir outras doenças com sintomas semelhantes.

Embora ainda não exista cura para a ELA, existem muitas estratégias para proporcionar uma melhor qualidade de vida a estes pacientes. A integração numa equipa multidisciplinar (médicos, psicólogos, enfermeiros, terapeutas da fala, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros) é fundamental para o paciente e para a família, focando-se na melhoria da qualidade de vida de quem sofre da doença, mas também de quem cuida.
A fisioterapia tem um papel muito importante nesta equipa, desde os primeiros sintomas até aos estádios mais avançados da doença. Os principais objetivos da intervenção da fisioterapia passam por preservar a mobilidade com exercícios leves que fortalecem os músculos que ainda funcionam, de acordo com a tolerância do paciente, e alongamentos que ajudam a manter as articulações móveis e evitam que a musculatura fique muito rígida. Para além disto, importa manter a parte respiratória o mais funcional possível, através de técnicas que permitem respirar melhor e tossir efetivamente, prevenindo infeções. O alívio da dor e do desconforto inerentes ao processo de perda de força e de movimento. Por último, mas não menos importante, o fisioterapeuta pode ajudar o paciente e família na adaptação do ambiente em que estão inseridos, de forma a tornar o dia a dia mais seguro e confortável para todos.

Mesmo perante um diagnóstico com esta gravidade, quando o corpo falha, a fisioterapia ajuda a que cada dia seja vivido com o máximo conforto, autonomia, dignidade e respeito.

Referências:
APELA – Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica. (s.d.). Dums, Willian. (2024). Abordagens fisioterapêuticas na esclerose lateral amiotrófica: uma revisão de atualização.

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