Dia Mundial da Fisioterapia e o Envelhecimento saudável

Em 2050, estima-se que mais de 2 mil milhões de pessoas terão 60 anos ou mais, quase o dobro dos números atuais. Este dado mostra-nos que o envelhecimento populacional é uma tendência que irá, inevitavelmente, aumentar a carga sobre os sistemas de saúde pública em todo o mundo. Mas também pode ser visto como uma oportunidade: nunca tivemos tantos anos de vida pela frente, e cabe-nos decidir se queremos vivê-los com saúde, independência e qualidade.
É neste contexto que celebramos, no dia 8 de setembro, o Dia Mundial da Fisioterapia. Vamos aproveitar esta data para reforçar a importância da profissão na promoção do movimento e no combate às limitações físicas que tantas vezes surgem com a idade. É também um momento para deixar uma mensagem essencial: envelhecer não significa perder qualidade de vida.
O exercício físico regular é uma das ferramentas mais eficazes para proteger a nossa saúde. Está comprovado que reduz o risco de doenças crónicas, melhora a função cardiovascular, preserva a memória e atrasa o declínio cognitivo. Mas os seus efeitos não se ficam por aqui: ajuda a evitar a fragilidade física, a manter os músculos fortes, as articulações móveis e, acima de tudo, a reduzir a cinesiofobia, isto é, o medo ao movimento.
Muitas pessoas acreditam que as quedas fazem parte inevitável do envelhecimento. No entanto, a evidência científica mostra que as quedas podem ser prevenidas. A fisioterapia tem aqui um papel central, através de programas de treino de equilíbrio, de reforço muscular e de estratégias para aumentar a segurança no movimento. E quando uma queda acontece, o fisioterapeuta acompanha o processo de recuperação, ajudando a pessoa a regressar com confiança às suas atividades diárias.
Outro mito frequente é pensar que só os mais jovens beneficiam de exercício. A realidade é que nunca é tarde para começar. Mesmo quem nunca praticou atividade física pode melhorar a sua condição funcional com programas adaptados. É precisamente aqui que a fisioterapia faz a diferença: ao avaliar cada pessoa, identificar riscos, adaptar exercícios às suas necessidades e acompanhar de forma individualizada, garantindo segurança e eficácia.
O papel do fisioterapeuta vai muito além da recuperação após uma cirurgia ou lesão. Trabalha em equipas multidisciplinares, colabora no controlo de doenças crónicas, apoia quem sofre de dores persistentes e ajuda a manter a independência funcional, que é um dos maiores desejos de qualquer pessoa idosa. A fisioterapia acrescenta saúde aos anos e transforma o envelhecimento numa etapa de vitalidade e participação ativa na sociedade.
Neste Dia Mundial da Fisioterapia, a mensagem que deixo como profissional é clara: o movimento é vida. Não precisamos esperar pela doença ou pela perda de capacidades para procurar ajuda. Quanto mais cedo investirmos em exercício e em prevenção, maior será a nossa autonomia no futuro. Mas, mesmo que só decidamos começar mais tarde, ainda vamos a tempo de colher benefícios.
Envelhecer é inevitável. Envelhecer com qualidade é uma escolha.
Mitos & Verdades sobre exercício nos idosos
Mito 1: “Já não tenho idade para treinar com pesos.”
Verdade: O corpo continua a adaptar-se ao exercício mesmo em idades avançadas. O treino de força traz ganhos de saúde e capacidade funcional em qualquer fase da vida.
Mito 2: “Levantar pesos estraga as articulações.”
Verdade: Pelo contrário! O reforço muscular protege as articulações, reduz o risco de
lesões e contribui para que se mantenham mais saudáveis e funcionais.
Referências:
World Physiotherapy. https://world.physio/
American College of Sports Medicine. Guidelines for Exercise Testing and Prescription, 11th Edition. Lippincott Williams & Wilkins, 2019.
Sadaqa M, Németh Z, Makai A, Prémusz V, Hock M. Effectiveness of exercise interventions on fall prevention in ambulatory community-dwelling older adults: a systematic review with narrative synthesis.