Fibromialgia: Quando a dor é invisível — o caminho para a melhoria!

Fibromialgia na Fisiomanual em Aveiro

Fibromialgia: Quando a dor é invisível — o caminho para a melhoria!

Yanina Alves, fisioterapeuta e coordenadora

No dia 12 de maio, assinala-se o Dia Mundial da Fibromialgia (FM), uma síndrome crónica caracterizada por dor musculoesquelética generalizada. Esta condição é frequentemente acompanhada por fadiga persistente, perturbações do sono, alterações intestinais, bem como sintomas cognitivos e emocionais. A FM é mais prevalente no sexo feminino e estima-se que afete entre 2 e 8% da população mundial. O seu impacto na qualidade de vida é significativo, comprometendo a funcionalidade, o bem-estar psicológico e a capacidade para realizar tarefas do dia-a-dia.

A origem exata da FM ainda não é completamente compreendida, mas sabe-se que o seu mecanismo de ação pode estar relacionado com uma disfunção no sistema nervoso central, ao nível da perceção, transmissão e processamento dos estímulos da dor. Nos últimos anos, a FM tem também sido associada a fatores psicossociais, ambientais, genéticos, endócrinos, imunológicos e inflamatórios.

Atualmente, o diagnóstico da fibromialgia é predominantemente clínico, baseado numa avaliação médica detalhada e na exclusão de outras doenças reumáticas ou sistémicas que possam justificar os sintomas. Esta avaliação é habitualmente realizada por um médico especialista em Reumatologia, que recorre a critérios específicos e à história clínica do doente para confirmar o diagnóstico.

É importante reter que, na sequência de um diagnóstico, um tratamento multidisciplinar, com intervenções farmacológicas e não farmacológicas, tem um impacto muito positivo na qualidade de vida e na funcionalidade das pessoas. Para além da prescrição de medicamentos específicos, os estudos demonstram que as estratégias não farmacológicas, sobretudo a fisioterapia, exercício físico e a psicologia, têm um impacto sustentado e significativo na melhoria dos sintomas.

No caso da fisioterapia, incluindo a fisioterapia aquática, esta tem um papel central na abordagem multidisciplinar da fibromialgia, sendo apoiada pela evidência científica. O exercício físico supervisionado e adaptado às limitações funcionais e aos sintomas existentes é uma das intervenções não farmacológicas mais eficazes na redução da dor, fadiga e depressão, promovendo simultaneamente melhorias na função física e na qualidade de vida. A fisioterapia aquática tem também demonstrado benefícios, uma vez que o meio aquático facilita o movimento, reduz o impacto articular e favorece o relaxamento muscular. Estudos mostram que este tipo de intervenção é especialmente bem tolerado por pessoas com fibromialgia, promovendo maior adesão ao tratamento e melhorias significativas na dor, na qualidade do sono e no bem-estar geral.

É ainda importante referir que as pessoas com fibromialgia enfrentam frequentemente estigma social devido à natureza invisível desta disfunção e à ausência de marcadores laboratoriais objetivos ou lesões visíveis em exames complementares. Muitos pacientes relatam sentir-se incompreendidos, desvalorizados ou mesmo desacreditados, tanto por profissionais de saúde como por familiares, amigos e colegas de trabalho, o que contribui para o isolamento, sofrimento emocional e atraso no tratamento adequado. Esta estigmatização pode agravar o impacto da disfunção na qualidade de vida e reforça a necessidade de maior sensibilização pública.

Para contrariar este estigma, é fundamental apostar na informação e na comunicação: partilhar fontes fiáveis e falar abertamente sobre os sintomas pode ajudar a aumentar a empatia. Também é importante que cada pessoa seja ativa na gestão da sua saúde, mantendo-se informada sobre as opções de tratamento e procurando profissionais com experiência, tanto de saúde física como mental.

Acima de tudo, é essencial validar a própria experiência e lembrar-se de que a dor pode ser real — mesmo quando não é visível.

Referências:

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Busch, A. J., Wébbér, S. C., Richards, S. H., & Schachtér, C. L. (2013). Exercise for fibromyalgia: A systematic review. The Journal of Rheumatology, 40(3), 469–478. https://doi.org/10.3899/jrhéum.120825

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