Osteoporose. O papel da Fisioterapia

Iolanda_Silva_Fisioterapeuta na Fisiomanual em Aveiro
A osteoporose é uma doença metabólica do osso, caracterizada pela redução da densidade e qualidade óssea, tornando os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Ao longo da nossa vida, os ossos estão em constante remodelação, sofrendo processos de formação e reabsorção. Na osteoporose a perda de massa óssea é maior do que a sua reposição, levando a ossos mais porosos e frágeis.
Decorrente desta situação surge maior risco de fraturas, que, associado a quedas, acontece mais comummente na anca, coluna vertebral e punhos. Podem também surgir com maior facilidade dores e deformidade crónica, principalmente ao nível da coluna vertebral. Isto pode levar a um aumento da cifose dorsal (de forma leiga, formação de uma corcunda), muitas vezes resultando em perda de autonomia e qualidade de vida.
Neste caso, a fisioterapia atua na correcção e prevenção da progressão das alterações posturais, através de exercícios de alongamento, fortalecimento dos músculos posturais e técnicas de consciência corporal, contribuindo para o alívio da dor, melhoria da função respiratória e ainda com um resultado estético mais positivo.
As fraturas da coluna, mesmo quando não dão sintomas, são as mais frequentes nas pessoas com osteoporose. Quem já teve uma fratura destas tem cerca de cinco vezes mais risco de voltar a fraturar a coluna e duas a três vezes mais risco de fraturar outros ossos. A osteoporose não tratada pode levar a um círculo vicioso de fraturas recorrentes, frequentemente resultando em incapacidade e morte prematura. A fisioterapia traz, no contexto desta patologia, a possibilidade de reduzir o risco de queda através do trabalho de fortalecimento muscular, controlo do equilíbrio e da propriocepção e uma melhoria da resposta metabólica e do sistema imunitário. O treino de equilíbrio e coordenação ajuda a melhorar a estabilidade do corpo e, assim, a reduzir o risco de quedas. Já os exercícios de reforço muscular aumentam a força dos músculos que sustentam a coluna e os membros, dando mais suporte aos ossos. Além disso, atividades com impacto moderado e resistência estimulam a remodelação óssea, podendo até melhorar a densidade mineral dos ossos.
Nos casos em que o paciente já sofreu fraturas osteoporóticas, o fisioterapeuta tem um papel fundamental na recuperação funcional, possibilitando o controlo da dor através de técnicas específicas. O treino gradual de mobilidade evita a perda de independência e orientação quanto às atividades seguras do dia-a-dia, prevenindo novas lesões. O fisioterapeuta pode ainda ajudar o paciente com alguns conselhos quanto às adaptações no ambiente doméstico para prevenir quedas, no aconselhamento sobre as posturas mais adequadas para manusear e levantar objetos, para realizar as atividades diárias e na orientação sobre um estilo de vida saudável, em complemento às orientações médicas (nutrição adequada, cessação de tabagismo e moderação no consumo de álcool).
Mulheres pós-menopáusicas e idosos são os grupos mais afetados pela osteoporose, mas fatores como baixo IMC (índice de massa corporal), histórico familiar, dieta inadequada e sedentarismo também aumentam significativamente o risco. A prevenção deve focar-se nesses grupos e fatores modificáveis.
Um estilo de vida saudável, com bons hábitos alimentares e de exercício é a melhor forma de se proteger, controlar e evitar o agravamento da osteoporose. O exercício com a orientação e aconselhamento certos, de forma individual e ajustada a cada caso, é para todos.
Mexa-se e alimente a saúde!
Referências:
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