
Prótese no joelho? O papel crucial da reabilitação para uma ótima recuperação.

A artroplastia do joelho, mais conhecida como cirurgia de substituição total ou parcial do joelho, é uma intervenção cirúrgica comum, especialmente entre pessoas com processos degenerativos articulares graves ou fraturas significativas. Nesta cirurgia, a articulação é substituída parcial ou totalmente por uma prótese, cujo principal objetivo é aliviar a dor e restaurar a funcionalidade e as amplitudes do joelho, permitindo ao paciente retomar as suas atividades diárias com maior qualidade de vida. No entanto, para que o sucesso da cirurgia seja completo, a recuperação pós-cirúrgica desempenha um papel fundamental – e é aí que entra a fisioterapia.
>Logo após a cirurgia, o foco principal da fisioterapia será controlar a dor e reduzir o inchaço. O joelho operado pode estar inflamado e rígido, e a dor pode estar presente, especialmente nas primeiras semanas após a cirurgia. É por isto que, nesta fase, é também fundamental, iniciar a mobilidade articular e a ativação da componente muscular, de forma a melhorar a circulação no membro inferior, reduzir o risco de tromboses venosas profundas (associadas à imobilidade) e prevenir a atrofia muscular e a rigidez articular.
Depois da retirada dos pontos cirúrgicos, a mobilização da cicatriz será também importante para melhorar a mobilidade dos tecidos e da pele na região do joelho, prevenindo a formação de fibroses e aderências.
No seguimento da fase inicial de recuperação, em que o foco é o tratamento dos sinais inflamatórios, inicia-se o período de fortalecimento progressivo dos músculos. Este trabalho tem um impacto direto na recuperação funcional do paciente já que os músculos ajudam a estabilizar a articulação e reduzir a sobrecarga articular. O fortalecimento também facilita o retorno às atividades quotidianas, como caminhar e subir escadas sem apoios externos, de forma mais segura e sem dor.
Nesta fase, de acordo com os critérios clínicos, são introduzidos exercícios de ganho de mobilidade para retomar as amplitudes normais de movimento e exercícios de reforço muscular específicos com progressão adaptada às capacidades físicas de cada paciente.
O trabalho da fisioterapia em meio aquático, é também uma mais-valia nesta fase. A flutuabilidade ajuda a reduzir o impacto e a pressão sobre o joelho operado, permitindo que o paciente execute exercícios que seriam dolorosos ou difíceis em terra firme. A resistência da água oferece também uma possibilidade de treino muscular progressivo e seguro, que pode ser ajustado conforme o paciente avança na sua recuperação. Este étambém um meio confortável para trabalhar as amplitudes articulares e controlar o edema.
Por último, uma das fases finais da reabilitação foca-se em garantir a máxima funcionalidade do paciente, através da reeducação de padrões de movimento, do reforço muscular, do trabalho propriocetivo e do ensino de exercícios para manter a longo prazo.
Com a ajuda de fisioterapeutas capacitados, o paciente poderá alcançar um retorno mais rápido à normalidade e prolongar os benefícios da cirurgia de substituição do joelho.
Importa referir que, cada caso é um caso, e que cada cirurgia tem as suas especificações, inerentes às capacidades físicas dos pacientes, às técnicas cirúrgicas aplicadas e às eventuais complicações que possam surgir. Nesse sentido, os protocolos de reabilitação devem ocorrer sempre em estreita comunicação com o cirurgião, de forma a serem estabelecidos objetivos de reabilitação atingíveis, gerindo sempre as expetativas do paciente de acordo com o seu potencial de recuperação.

Referências
Medeiros, M. P. S., et al. (2017). “Effectiveness of physical therapy for knee osteoarthritis: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials.” European Journal of Physical and Rehabilitation Medicine.
Sawyer, M. E., et al. (2020). “Effectiveness of rehabilitation programs in improving postoperative outcomes in total knee arthroplasty: A systematic review.” Journal of Orthopaedic Research.
Wang, T. H., et al. (2019). “Effects of Aquatic Exercise on the Rehabilitation of Knee Osteoarthritis: A Systematic Review.” Journal of Physical Therapy Science.