Desporto olímpico. O trabalho nos bastidores na procura pelo Ouro.
No rescaldo do encerramento dos Jogos Olímpicos (JO), que decorreram em Paris, é importante destacar que, sendo este um evento onde a elite do desporto mundial se reúne para competir ao mais alto nível, a preparação física e mental dos atletas é colocada à prova, muitas vezes até aos limites da resistência humana, não só durante a competição, mas também ao longo de todo o período de preparação. Inerente a isto, está a probabilidade de ocorrência de lesões, pelo que o acompanhamento aos atletas por parte de profissionais qualificados tem de ser constante e minucioso.
O Comité Olímpico Internacional (COI) [ https://olympics.com/ioc ] implementou um sistema de vigilância de lesões em vários desportos, pela primeira vez, nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. A estatística dos JO desde essa altura, diz-nos que desportos como o BMX, o Taekwondo e o Futebol, lideram a lista dos desportos com maior número de lesões traumáticas. Contudo, existe outro tipo de lesões, decorrentes maioritariamente de desportos que testam as capacidades de resistência do corpo (p.e. natação, atletismos e ginástica). Estas lesões por sobrecarga ocorrem muitas vezes nos períodos de preparação para os JO ou após a competição, são mais difíceis de identificar e seu tratamento mais desafiante.
Nos bastidores das competições e durante todo o período de preparação, os fisioterapeutas, as equipas médicas, os preparadores físicos, os nutricionistas e outros profissionais, desempenham um papel vital para garantir que os atletas estejam em condições ideais para competir. No caso dos fisioterapeutas, estes desenvolvem estratégias de prevenção e tratamento que visam minimizar os riscos de lesão para cada um dos desafios físicos que surgem aos atletas, garantido que estes estejam na sua melhor forma durante as competições.
A prevenção é um dos pilares fundamentais do trabalho dos fisioterapeutas. Avaliações físicas detalhadas são realizadas periodicamente para identificar possíveis desequilíbrios musculares e outras vulnerabilidades que possam transformar-se em lesões graves. Por outro lado, também desempenham um papel educacional importante, orientando os atletas para a importância de respeitar os limites do corpo e a necessidade de um tempo adequado de recuperação.
Para além disto, em caso de inevitável lesão, implementam protocolos rigorosos de tratamento, com abordagens adequadas a cada tipo de lesão, de forma a minimizar as suas sequelas a curto, médio e longo prazo, garantindo os melhores tempos de recuperação de forma a não comprometer os seus objetivos desportivos.
A abordagem ao atleta olímpico tem evoluído consideravelmente nos últimos anos. Sendo ainda difícil prever as lesões traumáticas, o controlo rigoroso das cargas de treino e da preparação dos atletas permite reduzir a probabilidade de lesão, permitindo que as competições atinjam níveis elevadíssimos, com atletas a alcançarem objetivos e records dificilmente imagináveis há alguns anos. Tudo isto é possível graças a um trabalho global do atleta em conjunto com as equipas de profissionais que o acompanham, aliado à tecnologia, cada vez mais focada na melhoria da sua performance.
Referências:
Soligard T, Steffen K, Budgett R, et al. Development of sports medicine in the International Olympic Committee. British Journal of Sports Medicine 2024; 58:813-815.
Fonte da imagem: Direitos de autor AP/Bernat Armangue