Fáscia: o papel fundamental no movimento e na reabilitação

Fáscia: o papel fundamental no movimento e na reabilitação. Fisiomanual serviços de fisioterapia em Aveiro

Fáscia: o papel fundamental no movimento e na reabilitação

Carolina Vieira fisioterapeuta na Fisiomanual Aveiro

Carolina Vieira fisioterapeuta na Fisiomanual em Aveiro

A fáscia é um tecido conjuntivo fibroso que funciona como rede que liga diferentes partes do corpo. Este tecido envolve, sustenta e separa várias estruturas do corpo (p.ex. músculos, órgãos), e permite o delizamento entre si. Durante muito tempo foi considerada um tecido de sustentação passivo, mas evidências recentes demonstram que a fáscia possui propriedades biomecânicas essenciais na transmissão de forças, propriocepção (consciência corporal) e regulação da tensão muscular, além de desempenhar um papel crucial no movimento.

Existem quatro tipos de fáscia: superficial – localizada logo abaixo da pele, armazena gordura e ajuda na mobilidade da pele; profunda – envolve músculos, ossos e nervos, proporcionando suporte estrutural e facilitando o movimento muscular; visceral – reveste e sustenta órgãos internos (p.ex. coração, pulmões e intestinos); e fáscia do sistema nervoso – reveste estruturas nervosas como as meninges.

A fáscia é essencial para o movimento, para a postura e para a percepção de dor, uma vez que contém até seis vezes mais terminações nervosas do que os músculos. Isto significa que alterações da intergridade e/ou da sua elasticidade podem levar a disfunções do movimento e a dor. Fatores emocionais como traumas e stress também se podem reflectir na saúde da fáscia. Para além disto, a falta de hidratação e sedentarismo podem levar a maior rigidez e menos flexibilidade da fáscia, uma vez que esta é constuída essencialmente por colagénio e água.

As difunções da fáscia mais conhecidas são a fasceíte plantar (planta do pé), síndrome da banda iliotibial (síndrome do corredor), aderências fasciais e síndrome de dor miofascial.

Manter a fáscia saudável ajuda a prevenir alterações do movimento e o aparecimento de dor. A fisioterapia valoriza cada vez mais a fáscia como componente integrante da reabilitação, não apenas para o tratamento de lesões, mas para a prevenção de difunções, optimização do desempenho desportivo e promoção do bem-estar geral. O plano de intervenção deve ser individualizado tendo por base a avaliação clínica do utente e pode contemplar técnicas, normalmente manuais, que têm como objetivo aliviar zonas de tensão e de restrição de mobilidade da fáscia, como a libertação miofascial, a terapia manual, exercícios terapeuticos e alongamentos. O fisioterapeuta pode ainda recorrer a técnicas instrumentalizadas como a ventosaterapia (utiliza ventosas para criar sucção sobre a pele, promovendo amobilização da fáscia e aumento da circulação sanguínea) ou a terapia por trigger points (ténicas para desativar pontos- gatilho miofasciais e estimular a regeneração tecidual).

Visando uma abordagem holítisca, a fisioterapia reconhece a fáscia como um tecido dinâmico que influencia a mobilidade, a propriocepção e o equilíbrio energético de cada organismo. O principal objetivo do fisioterapeuta é restablecer a harmonia do corpo como um todo, respeitando as suas conexões e promovendo a saúde de forma abrangente e sustentável.

Referências:

PINZON RIOS, I. D. (2019). Sistema Fascial: Anatomía, biomecánica y su importancia en la fisioterapia. Movimiento científico, 12(2), 1–12.

Stecco, C. (2015). Functional Atlas of the Human Fascial System. Elsevier.

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