Mexa-se mais, viva melhor. A importância da mobilidade para uma melhor qualidade de vida!
No nosso dia a dia, a execução de tarefas, desde as mais simples, como caminhar, até atividades mais exigentes, como praticar desporto, é dependente da coordenação motora e da mobilidade das nossas articulações. No entanto, com o passar dos anos, com o aumento do sedentarismo e com o surgimento de lesões e de processos degenerativos articulares, as articulações podem perder a sua amplitude natural de movimento, aumentando o risco do aparecimento de dores e disfunções.
A mobilidade articular refere-se à capacidade de uma articulação se mover, livremente e de forma controlada, dentro da sua amplitude total. Ao contrário da flexibilidade (a capacidade dos músculos se alongarem), a mobilidade não só depende dos músculos e tendões, mas também de ligamentos e da própria estrutura das articulações. Assim, ter boa mobilidade resulta de um trabalho conjunto e harmonioso do sistema musculoesquelético, o qual permite, o desenvolvimento de padrões de movimento de melhor qualidade.
Quando uma articulação não tem a mobilidade necessária, o corpo tende a compensar, transferindo o esforço para outras áreas. A adoção de movimentos compensatórios pode causar sobrecarga em regiões como a lombar, joelhos ou pescoço, contribuindo para o surgimento de dores, promovendo o desenvolvimento de padrões de movimento disfuncionais e comprometendo também a performance em atividades mais exigentes, como a prática desportiva.
Mas, existe forma de melhorar a mobilidade articular? Sim. A não ser que exista uma restrição muito específica provocada por fatores intrínsecos (p.e. patologia articular grave) ou por fatores extrínsecos (p.e material de fixação cirúrgico), a mobilidade pode ser trabalhada e melhorada através da introdução de rotinas de exercício simples, seja no ginásio, em casa ou até no trabalho.
O Fisioterapeuta, através de uma avaliação funcional de padrões de movimento, tem um papel fundamental na identificação de restrições de mobilidade em determinadas articulações, que possam comprometer a funcionalidade e qualidade do movimento. Assim, poderá desenvolver planos de mobilidade específicos, a serem introduzidos em rotinas de exercício diárias, que se adaptem às restrições de mobilidade existentes.
A evidência científica é clara: investir na mobilidade articular é um caminho para prevenir dores, manter a funcionalidade e melhorar a qualidade de vida a longo prazo. Pessoas com maior mobilidade articular têm menor probabilidade de desenvolver osteoartrite e dores articulares crónicas e tendem a ser mais independentes nas atividades da vida diária, como agachar-se para apanhar algo do chão ou caminhar longas distâncias. Caso sinta que tem dificuldade em realizar determinadas tarefas diárias ou gestos desportivos devido à perda de mobilidade, procure ajuda de um profissional especializado.
Referências:
De Oliveira Silva, J. R., et al. (2021). “Joint mobility and physical activity: A study of impact on aging.” Journal of Aging and Physical Activity, 29(2), 227-235.
Reis, F. J. J., et al. (2022). “Exercise interventions and their effect on preventing mobility limitations in older adults: A meta-analysis.” Journal of Geriatric Physical Therapy, 45(3), 180-190.
Gomes, P., & Pereira, L. (2022). “The effects of joint mobility exercises on injury prevention: A systematic review.” Journal of Orthopedic Research, 40(5), 1034-1043.