Tendinites e Tendinopatias. A reabilitação na perspetiva do fisioterapeuta.

Tendinites, fisioterapeuta em Aveiro

Tendinites e Tendinopatias. A reabilitação na perspetiva do fisioterapeuta.

Yanina Alves, fisioterapeuta e coordenadora

Os tendões são bandas de tecido fibroso que, no sistema musculoesquelético, conectam os nossos músculos aos ossos, sendo a sua principal função transmitir a força gerada pelo músculo, permitindo o movimento das articulações.

As lesões nos tendões representam um conjunto de condições, frequentemente encontradas nos pacientes com queixas musculoesqueléticas, que afetam a qualidade de vida e a capacidade de movimento. Dentro das mais comuns, importa esclarecer, em primeira instância, a diferença entre tendinite e tendinopatia. A tendinite é uma condição aguda, caracterizada pela inflamação de um tendão, que pode ocorrer na sequência de uma lesão traumática ou devido à sobrecarga mecânica quando o tendão é submetido a esforços excessivos, repetitivos ou inadequados. Esta condição pode provocar dor, inchaço e dificuldade no movimento. No entanto, a literatura mais recente sugere que, em muitos casos, o termo “tendinite” é impreciso, já que as alterações observadas no tendão podem não envolver inflamação verdadeira, com muitos dos sintomas a perdurarem após a fase aguda. Assim, muitas vezes, estamos perante tendinopatias, onde há degeneração do tecido tendinoso, com ou sem sinais de inflamação. Estas envolvem mudanças na estrutura do tendão, o que compromete a sua resistência e flexibilidade, prolongando a dor e a perda de funcionalidade.

A abordagem às disfunções tendinosas deve ser multidisciplinar e incluir uma avaliação da força e mobilidade. Desta forma, é possível identificar possíveis padrões demovimento disfuncionais que possam estar a ocorrer no dia a dia, durante a atividade profissional ou na prática de atividades desportivas. Isto é essencial para compreender que tipo de adaptações têm de ser feitas para melhorar a biomecânica articular, de forma a reduzir a reincidência da lesão e reduzir a carga excessiva sobre os tendões afetados.

Para além disto, é fundamental restabelecer a função do tendão, um processo que pode, por vezes, ser demorado. A abordagem do fisioterapeuta pode incluir técnicas de mobilização, eletroterapia e, principalmente, exercícios específicos de fortalecimento, para melhoria da estrutura tendinosa e, consequentemente, da dor e da funcionalidade.

Para os fisioterapeutas, as disfunções tendinosas são condições que desafiam a prática clínica, exigindo uma abordagem abrangente que vai além da simples gestão da dor. Com base na evidência científica, podemos compreender melhor o que está por trás dessas condições, ajudando na reabilitação e no ensino do paciente sobre a importância da reeducação dos padrões de movimento para prevenção de novas lesões.

Mito ou Verdade: “Repouso absoluto é o melhor tratamento para a tendinopatia.”

MITO! Embora o repouso inicial seja importante para evitar o agravamento da lesão, o tratamento exige uma abordagem ativa. Programas de exercícios progressivos, especialmente exercícios excêntricos, têm demonstrado grande eficácia na recuperação de tendões, promovendo a regeneração do tecido.

Referências:

Irby, A., Gutierrez, J., Chamberlin, C., Thomas, S. J., & Rosen, A. B. (2020). Clinical management of tendinopathy: a systematic review of systematic reviews evaluating the effectiveness of tendinopathy treatments. Scandinavian journal of medicine & science in sports .

Kongsgaard, M., et al. (2009). “The effect of eccentric training on tendinopathy: a systematic review.” Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports.

Rompe, J. D., et al. (2007). “Radial extracorporeal shock wave therapy in chronic plantar fasciitis.” Journal of Bone and Joint Surgery.

Rathleff, M. S., et al. (2014). “The effect of physical therapy for tendinopathies.” British Journal of Sports Medicine.

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