Remo: Um desporto de alta intensidade, exigência e vulnerabilidade a lesões.

Remo: Um desporto de alta intensidade, exigência e vulnerabilidade a lesões.

Remo: Um desporto de alta intensidade, exigência e vulnerabilidade a lesões.

Autor: Bernardo Abreu, Fisioterapueta na Fisiomanual

Neste fim de semana, decorreu na nossa cidade de Aveiro, um evento de destaque na modalidade do Remo: a Descida da Ria – II Aveiro Classic Sprints. Organizada pela secção do Remo do Clube dos Galitos, esta regata reúne atletas nacionais e internacionais de diferentes escalões, do sub-17 aos veteranos, em disputas ao longo de 1000 metros, onde as embarcações competem lado a lado, no formato de duelos (um contra um).

O remo é um desporto de elevada exigência física, que combina esforços aeróbios eanaeróbios. Neste caso, o sistema aeróbio é predominante, embora a componente anaeróbia também desempenhe um papel importante, podendo representar entre 10% a 30% do esforço total. Durante a prática, os níveis de lactato podem atingir os 28 mmol/L – um dos mais elevados registados em qualquer modalidade – e o consumo máximo de oxigénio pode ultrapassar os 70 ml/kg/min, ambos indicadores de um esforço físico extremo e de alta intensidade.

Avaliação Performance na Fisiomanual em Aveiro
Imagem 1: O fisioterapeuta Pedro Santos demonstra uma dos exercícios do protocolo de Avaliação de Performance

No entanto, esta intensidade traduz-se, também, num risco elevado de lesões, muitas delas associadas não só ao volume e à carga de treino, como também à biomecânica específica da remada. Entre as lesões mais frequentes estão:

Dor lombar idiopática – que representa até 53% das lesões em atletas de remo, podendo chegar aos 65% em adolescentes. Esta dor, frequentemente crónica, está associada ao volume de treino e a fatores biomecânicos. Nestes casos, um historial de dor lombar e sessões prolongadas de treino são os principais preditores de lesão. Durante a fase de ataque da remada, as forças de flexão e torção na coluna podem atingir até 4,6 vezes o peso do remador, isso gera uma sobrecarga significativa na região lombar, tornando-a especialmente vulnerável a lesões.

Lesões por stress na costela – resultam de microtraumatismos repetidos, ultrapassando a capacidade de regeneração óssea. Estes podem ser causados por trauma direto ou porforças de tração provocadas pelos músculos, sendo que as costelas mais afetadas situam – se, geralmente, entre a 5.ª e a 9.ª.

Lesões no ombro – o ombro é a terceira área mais afetada por lesões entre os remadores, com destaque para a tendinopatia da coifa dos rotadores, que é a lesão mais frequente. Essa condição está diretamente ligada à quantidade de anos de prática, à intensidade dos treinos e à frequência com que os exercícios são realizados.

Lesões no joelho – estão maioritariamente associadas ao gesto repetitivo da remada, incluem a síndrome patelo-femoral, tendinopatias e a síndrome da banda iliotibial.

Lesões na anca – podem ocorrer quando a flexão repetida da anca gera atrito entre o fémur e o acetábulo, levando a inflamação e dor crónica, frequentemente associada ao conflito femoroacetabular.

Lesões no punho e na mão – incluem a tendinopatia dos extensores do punho, a tenossinovite de De Quervain, a síndrome compartimental e a Oarsman’s Wrist. Estas condições são, tal como acontece nas outras articulações, frequentemente causadas pela sobrecarga e pelo movimento repetitivo durante a remada.

Em suma, considerando que a maioria das lesões esteja relacionada com a elevada carga e volume dos treinos, a avaliação e funcional e de performance realizada de forma regular por um fisioterapeuta, é essencial. Esta permite a identificação de assimetrias de mobilidade e desequilíbrios de força muscular, podendo ser determinante não só para a prevenção de lesões, mas também para a otimização do desempenho desportivo.

Em competições de alto nível como a Descida da Ria – II Aveiro Classic Sprints , onde a intensidade e o volume dos treinos são elevados, o acompanhamento do fisioterapeuta torna-se ainda mais relevante. A atuação precoce e contínua dos fisioterapeutas garante que os atletas mantenham a saúde e o bem-estar, além de melhorar sua performance.

Referências:
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Thornton, J. S., Vinther, A., Wilson, F., Lebrun, C. M., Wilkinson, M., Di Ciacca, S. R., Orlando, K., & Smoljanovic, T. (2017). Rowing Injuries: An Updated Review. Sports Medicine , 47 (4), 641–661. https://doi.org/10.1007/s40279-016-0613-y

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